Abertura do Congresso foi marcada por programação extensa no Centro de Convenções do Armação Resort
Porto de Galinhas (Brasil), 17 de setembro de 2024
A variedade de temas reunidos nas atividades ao longo da programação e as salas lotadas de visitantes foram destaques do 1º dia do Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC) 2024. O evento chegou à sua 43ª edição e está sendo sediado no estado de Pernambuco pela primeira vez. A Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC) é a organizadora, em parceria com Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
O dia de abertura do CNMAC 2024 foi recheado de atividades no Centro de Convenções do Armação Resort, que vai receber o evento até a próxima sexta-feira (20). Na grade de programação, houve uma cerimônia de abertura e a primeira plenária do congresso, ministrada pelo professor Daniel Yasumasa Takahashi, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sobre a Matemática da comunicação vocal em primatas.
A ideia de Takahashi foi entender como os primatas se comunicam entre si e discutir modelos matemáticos que formalizam os princípios das interações vocais e seu desenvolvimento. Para isso, o pesquisador utilizou dados biológicos em saguis até implicações na evolução da nossa capacidade de comunicação.
“Uma conclusão é que o mesmo mecanismo que se aplica em humano também pode ser aplicado nos saguis. É um modelo que pode ser chamado de oscilador não-linear estocástico, muito bom para modelar o comportamento desses processos em primatas. O principal fator que contribui para o sagui ficar mais ‘educado’ é o sistema auditivo, que está se desenvolvendo”, explicou Takahashi.
Participando pela 1ª vez do CNMAC, o professor da UFRN ressaltou a gama de assuntos abordados em simpósios, minicursos e sessões técnicas. “Esse evento é fantástico. É a primeira vez que estou participando e, na verdade, deveria estar participando há muito tempo, porque é um evento multidisciplinar. Fiquei impressionado com a variedade de temas e como eles atraem a todos os visitantes. Percebo que o CNMAC tem essa mente aberta para tratar vários temas da Matemática Aplicada e Computacional”, opinou Takahashi.
A programação de segunda-feira também reservou espaço importante para a entrega de importantes honrarias, como o Prêmio SBMAC e o Prêmio Kepler. João Vitor Parada Poletto, aluno da Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi o grande vencedor do Prêmio Clóvis Caesar Gonzaga, que reserva uma homenagem à melhor tese de Mestrado em Matemática.
O trabalho de João Vitor estuda o perfil matemático das ondas no fundo dos oceanos a partir de um modelo não-linear para descobrir as as vantagens e as aplicabilidades teóricas em comparação a um sistema linear. O objetivo específico do modelo é prever a ocorrência de fenômenos chamados tsunamis para socorrer as populações e, por exemplo, emitir alertas de forma mais rápida e eficaz.
O pesquisador está participando de seu 1º CNMAC e ficou muito feliz por receber tal honraria, que contribui demais para sua carreira acadêmica. “É uma enorme satisfação receber esse prêmio. Foi bem bacana a experiência de descobrir a notícia (que ganhou a premiação), compartilhei com minha família, meus amigos, meu pesquisador. E aqui tem sido um evento muito legal. É bacana ver palestras de temas diferentes, fiz várias interações e troquei experiências com bastante gente, porque a ciência, afinal, é feita por várias pessoas”, contou o estudante da UFPR.
Além de várias referências da área no Brasil, o CNMAC também atraiu pesquisadores do exterior. Lincy Varghese é professora de Ciências Matemáticas e Engenharia da Universidade Politécnica Taiwan-Paraguai, em Assunção, e trouxe vários alunos para o evento que vai agregar demais à experiência deles.
“Queria que meus estudantes tivessem uma experiência científica fora do Paraguai, para ter uma visão diferente, tratando-se de linhas de pesquisa. Se eles participarem deste tipo de evento, eles estarão mais motivados a fazer pesquisa e poderão ajudar o Paraguai a melhorar mais no setor. Então, essa foi a principal motivação para se inscrever, para participarmos dessa conferência. Isso significa que eles terão uma mente mais plural, que podem fazer suas apresentações sem medo, ter um intercâmbio de conhecimento e, é claro, ter contato com pesquisadores brasileiros de referência contribui demais para uma experiência ainda mais produtiva a eles”, declarou a docente.
Aluno na instituição de Assunção, Lucas González estuda Engenharia Eletromecânica e percebeu que vários temas do CNMAC são fundamentais para serem acrescentados a seu arsenal acadêmico.
“Antes de chegar ao CNMAC, eu estava revisando meu artigo que vou apresentar e estava lendo um livro sobre Mecânica dos Fluidos e Análise Numérica. Neste livro, o autor falava sobre como a Análise Numérica pode ajudar engenheiros, físicos e engenheiros químicos a alcançar certos modelos matemáticos e trazê-los para a realidade. Não tenho muita experiência, então aqui pude perceber como a Matemática Computacional vai ajudar no meu caminho profissional. Há diferentes pontos de vista e projetos que podem me ajudar a chegar ao ponto onde eu quero estar no futuro ou até mesmo abrir meus horizontes para outros caminhos”, disse González.
A primeira experiência em um evento científico no Brasil impressionou Anja Buggenthin, estudante de graduação em Engenharia Civil na Politécnica Taiwan-Paraguai. O network obtido em Porto de Galinhas já é algo que vale a viagem de quase 3.700 quilômetros.
“Este evento é muito especial para matemáticos. Está relacionado com os nossos temas de pesquisa. No meu caso, o campo da Engenharia Civil. E eu sei que também é uma boa oportunidade para mostrar resultados, conhecer mais pessoas e fazer novas conexões. Fazer parte desta conferência me faz querer investigar mais, aprender mais sobre isso, ver todas essas pesquisas, aprender mais sobre o mundo, porque quero trabalhar no campo”, declarou Buggenthin.
Coordenadora Nacional do CNMAC em Porto de Galinhas, Sandra Malta revelou que a expectativa é receber mais de 700 visitantes, entre pesquisadores, professores e alunos da área. Ela reconhece que a expectativa da organização é altíssima pela gama de temas abordados de Matemática Aplicada e Computacional e a grade de palestrantes ao longo dos cinco dias.
“Já reparamos que a casa estava cheia e devem chegar ainda muita gente nos próximos dias. Esperamos muita interação entre os pesquisadores e o público, os mini simpósios, os minicursos estão bem procurados. Os coordenadores trouxeram várias referências nacionais e estrangeiras de Matemática Aplicada e Computacional. É um evento com uma programação dinâmica, que agrega os mais diversos assuntos das áreas correlacionadas. Esperamos muita interação entre as pessoas e que elas saiam muito satisfeitas com essa experiência”, encerrou a pesquisadora aposentada do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).
Além das atividades principais nos cinco dias, o evento também abre espaço para o CNMAquinho, que são oficinas e atividades lúdicas destinadas às crianças a fim de estimular a curiosidade e o interesse por Ciência.
A grade de programação dos dias do CNMAC 2024, os palestrantes, a composição do Comitê Organizador, os patrocinadores, opções de hospedagem e turismo e muito mais detalhes estão presentes no site oficial do evento.
