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Em Porto de Galinhas, CNMAC 2024 destaca diversidade de temas em Matemática Aplicada e Computacional

Cerca de 700 participantes estiveram no evento, que chegou a Pernambuco pela 1ª vez; edições de 2025 e 2026 já têm sede definida pela SBMAC

Porto de Galinhas (Brasil), 24 de setembro de 2024 – Ao término da edição de 2023, realizada em Bonito (MS), a Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC) sabia que o 43º Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC), em Porto de Galinhas (PE), teria um grau ainda maior de exigência. E ao final de cinco dias, o evento superou as expectativas ao reunir cerca de 700 participantes, entre pesquisadores, professores e estudantes do segmento de todo o país e do exterior.

Participantes de todo o Brasil e do exterior marcaram presença no CNMAC 2024, em Porto de Galinhas | Foto: Leonardo Zacarin/SBMAC

As salas e auditórios do Centro de Convenções do Armação Resort estiveram lotadas a semana inteira entre os dias 16 e 20 de setembro e o público pôde aproveitar as diversas atividades da programação, desde as sessões plenárias até minicursos e mini-simpósios ou mesmo as sessões de pôsteres, com os trabalhos de ponta nas áreas de Matemática e Computação de estudantes de Mestrado, Doutorado e Iniciação Científica.  

Intercâmbio em Matemática

Paulo Neves é aluno de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), uma das organizadoras desta edição do evento junto a SBMAC, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Após começar o curso de Engenharia Mecânica, ele se encontrou na graduação em Matemática e participou, em Porto de Galinhas, de seu primeiro CNMAC.

Para ele, o contato com várias referências da área no Brasil é uma experiência que só enriquece seu currículo e o dará mais bagagem para a futura carreira como professor.  

“Participar deste primeiro evento é incrível. Você vê como funcionam as diversas áreas da Matemática Aplicada, como os professores pesquisam, como os pesquisadores aplicam, de fato, a Matemática. Nunca tinha visto isso antes. Eu sempre tive dúvidas de como funcionava a área de pesquisa de Matemática Aplicada e Matemática Pura e esse evento também ajudou muito a sanar minhas dúvidas. Fiz amizades com diversas pessoas aqui, inclusive, de outros países. Então, é um aprendizado constante, não somente na Matemática, mas também no meu networking. É uma experiência incrível e indescritível”, declarou Paulo, que ajudou a organização como monitor no CNMAC 2024. 

Foram dezenas de pôsteres apresentados no CNMAC 2024 por alunos do Brasil inteiro | Foto: Leonardo Zacarin/SBMAC

Do Rio de Janeiro, Wellington Silva representou a pós-graduação da Escola de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp). Em seu primeiro CNMAC, o estudante ficou impressionado com a diversidade de temas das áreas correlacionadas e aprovou o intercâmbio de conhecimento com outras linhas de pesquisa, que vão ajudar nos seus projetos futuros.  

“É um evento muito inspirador, em que você consegue apresentar seu trabalho para pessoas fora do círculo da universidade, aparecem novas ideias, você tem a oportunidade de divulgar o seu trabalho da mesma forma que observa outros trabalhos, quais são os tópicos abordados, então o CNMAC é muito rico em conteúdo. Tive contato com pessoas do Brasil inteiro, com pesquisadores mais experientes e consagrados. Você interage sobre o que você está trabalhando, tem um feedback de pessoas que têm uma experiência maior do que você na área. Eu diria que essa diversidade é uma coisa que ajuda muito na pesquisa”, avaliou o aluno.

Gabriela Piffer de Oliveira faz graduação em Matemática na Unesp em Rio Claro e quer brilhar na carreira acadêmica. Por isso, fez questão de estreitar os laços com professores célebres do país e se deparar com temas que vão ajudá-la a crescer seu arsenal matemático.

Gabriela Piffer de Oliveira, aluna da Unesp de Rio Claro, aprovou o intercâmbio de conhecimento no CNMAC 2024 | Foto: Leonardo Zacarin/SBMAC

“Por ser minha 1ª vez em um CNMAC, foi muito proveitoso e levo muitas ideias legais daqui. É bom criar esses vínculos com professores, porque quero seguir na área acadêmica. É muito importante também para poder conhecer outros trabalhos incríveis que podem colaborar com meu trabalho. Nas sessões técnicas, pude ver o pessoal aplicando muito na Modelagem, que é uma área que eu gosto muito, vi o pessoal aplicando em jogos para crianças, levando a Matemática de um jeito mais lúdico. Eu achei incrível essa ideia, levar a interdisciplinaridade da Modelagem, que é uma área da educação, com a Matemática Aplicada”, aprovou Gabriela. 

Proximidade entre pesquisa e mercado

Presente em 2023, o Instituto Venturus novamente foi um dos destaques do CNMAC em Porto de Galinhas. No 3º dia de evento, a empresa de tecnologia, desenvolvimento e inovação avaliou 30 trabalhos da área na sessão de pôsteres de pesquisa que mais se aproximavam dos projetos desenvolvidos no Instituto. Três deles receberam prêmios e terão a oportunidade, em breve, de incorporarem suas ideias às iniciativas do Venturus. 

O grau de importância do Venturus na área de tecnologias de ponta já ultrapassou as fronteiras do Brasil. A instituição já marca presença em Atlanta, no estado estadunidense da Geórgia. 

“A relação do Venturus com a SBMAC aumentou a ponto de criarmos um centro de excelência de computação quântica, em que trazemos mais especialistas da academia para colocarmos essa pesquisa em prática, ‘empacotar’ e levar para o mercado. Esse modelo tem dado muitos resultados e o Venturus vem se posicionando como referência internacional em pesquisa por causa da parceria com o setor acadêmico”, explicou Daniel de Haro Moraes, Head de Tecnologias Emergentes do Venturus.

“Por isso, decidimos fazer essa premiação no CNMAC 2024 para incentivar pessoas que fazem projetos aplicados a problemas alinhados que o Venturus. Ou seja, são soluções que poderiam ser incorporadas no nosso cotidiano. São 30 trabalhos que avaliei, todos de alto nível e foi muito difícil escolher três. Mas, muito em breve, gostaríamos de conversar com todos para, de alguma forma, incorporar essas linhas de pesquisa em produtos que temos no mercado. Se der certo, teremos uma forma de colaboração ainda maior entre pesquisadores e o Venturus”, completou Moraes. 

Trabalho de Taízia Félix Torres foi reconhecido pelo Venturus | Foto: Leonardo Zacarín/SBMAC

Uma das vencedoras foi Taízia Félix Torres, com um projeto que explorou o conceito matemático da Sequência de Fibonacci e como pode ser aplicada no mercado financeiro com a orientação dos professores Lucas Antônio Caritá e Marcos William da Silva Oliveira, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (IFSP).

A ideia foi desenvolver um algoritmo que utiliza uma técnica derivada dessa sequência para ajudar a prever quando seria um bom momento de comprar ou vender ações no mercado. Presente pela 1ª vez em um CNMAC, Taízia valorizou a premiação e o evento como um todo. 

“Foi uma sensação incrível. O CNMAC reuniu muitos trabalhos de altíssima qualidade, e ser reconhecida pelo Venturus entre tantas pesquisas foi uma grande honra. Fiquei extremamente feliz, especialmente porque esse projeto foi um esforço conjunto com meus orientadores, e ver esse reconhecimento é muito gratificante”, disse. 

Assim como adiantado por Moraes, Taízia tem chances de seguir seu projeto dentro do próprio instituto, o que a deixa ainda mais animada. “Recebi uma proposta de parceria do Venturus, o que me deixou extremamente entusiasmada com o potencial dessa colaboração. Pretendo discutir a proposta com meus orientadores e analisar cuidadosamente as condições para garantir que o projeto seja ampliado da melhor forma possível. Estou muito motivada com a oportunidade e ansiosa para explorar como essa parceria pode transformar nosso trabalho em uma aplicação prática no mercado financeiro”, avaliou. 

Trabalhos de alto nível e interdisciplinares

Helenice Florentino, professora do Instituto de Biociências (IB) da Unesp, em Botucatu, foi uma das protagonistas das sessões plenárias no CNMAC 2024. Ela apresentou projetos ligados às áreas de Biossistemas, Energia Renovável, Agricultura Sustentável e Gestão de Resíduos e pôde revelar resultados de novas técnicas computacionais atreladas ao controle da COVID-19 e dengue. 

Professora Helenice Florentino, da Unesp, foi uma das plenaristas ao longo do CNMAC | Foto: Leonardo Zacarin/SBMAC

Para Helenice, o CNMAC em Porto de Galinhas atendeu a todos os requisitos e permitiu que centenas de estudantes pudessem explorar seus horizontes na área com a variedade de atividades e assuntos dentro da Matemática Aplicada e Computacional.

“O CNMAC foi um sucesso, visto que as palestras e os trabalhos técnicos foram de elevada qualidade. O número de participantes foi bastante expressivo e deu a oportunidade a todos de mostrarem seus resultados de pesquisa. Os novos pesquisadores tiveram a chance de aprender novas técnicas de ampliar a sua rede de colaboração, adquirir experiência e informação com pesquisadores com mais bagagem”, observou Helenice, que fez parte do Conselho da SBMAC de 2011 a 2017. 

Os diferenciais do CNMAC 2024

Coordenador Local do CNMAC 2024, o professor Pablo Martín Rodríguez valorizou a realização do evento pela 1ª vez em Pernambuco. Em número de trabalhos inscritos, a edição de Porto de Galinhas ultrapassou a da edição 2023 e o número de representantes da região Nordeste também foi significativo. 

“Nesta edição, ficamos muito contentes porque superou amplamente as expectativas. Tivemos palestrantes do exterior para as plenárias. Foram mais de 700 inscritos no evento, tivemos 200 trabalhos a mais do que ano passado e teve uma representatividade muito maior da região Nordeste, que é o que a gente queria. A gente teve 20% dos participantes do Nordeste e consegui ver isso também com grupos do interior, alunos vindo do interior para cá a fim de apresentar seus trabalhos”, reconheceu o professor da UFPE. 

O Presidente da SBMAC, Carlos Hoppen, destacou a presença de vários pesquisadores do exterior nas atividades do CNMAC em Porto de Galinhas, o que tornou o evento ainda mais rico em conhecimento e diversidade cultural. 

“Conseguimos realizar o evento em um lugar mais atrativo do ponto de vista turístico, o que atraiu um grande número de participantes. Tivemos muitos estrangeiros que participaram, nossas semi plenárias essencialmente foram constituídas por participantes estrangeiros, houve mini simpósios com convidados estrangeiros e, com certeza, isso enriquece o evento para a comunidade brasileira. Permite que os estudantes tenham contato com mais pessoas para expandir suas possibilidades na área de pesquisa. Aém disso, também cria uma certa necessidade ou oportunidade de utilizar a língua estrangeira, que é importantíssima na Ciência”, declarou o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Carlos Hoppen, Presidente da SBMAC, ressaltou o número de pesquisadores estrangeiros no evento em 2024 | Foto: Leonardo Zacarin/SBMAC

Na visão de Rodríguez, uma atividade da programação do evento que tem ganhado maior adesão é o CNMACquinho, que são oficinas e atividades lúdicas destinadas às crianças para estimular a curiosidade e o interesse pela Ciência. As atividades foram destaque na programação de segunda a sexta, em sessões matutinas e vespertinas, e reuniram quase 30 pequeninos. 

Para Hoppen, a edição de 2024 foi importante para adequar o CNMACquinho na programação anual do evento. 

“Nós já estamos criando cada vez mais experiência com relação a isso. O Comitê Local realizou várias atividades e fez com que os pais coloquem o CNMACquinho no calendário, porque há essa vantagem de poder ter um espaço onde deixar os filhos em alguns momentos. E, particularmente, se trata de um espaço muito rico com brincadeiras muito legais e construtivas. É uma parte do evento que tem sido um grande sucesso e tem aumentado a cada ano”, complementou.

CNMACquinho fez a alegria da criançada, como Arthur Richardson, com atividades lúdicas relacionadas com Matemática | Foto: Leonardo Zacarin/SBMAC

Natural de Imperatriz (MA), Arthur Richardson aprecia a Matemática desde o berço e sempre teve auxílio dos pais em casa. No CNMACquinho, as atividades ligadas a jogos foram o que mais atraíram o menino de 11 anos. 

“Eu amo Matemática. É minha primeira vez participando do CNMACquinho, gostei demais. Além dos adultos aprenderem, as crianças também aproveitam para aprender muitas coisas. Houve vários jogos de que gostei, é muito legal aprender Matemática desse jeito”, disse Arthur, que está no 5º Ano do Ensino Fundamental. 

A organização já confirmou que o XLIV CNMAC será realizado na Faculdade de Matemática Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGV EMAp), no Rio de Janeiro. Em 2026, o evento terá sua 45ª edição na Unesp, em Presidente Prudente. 

Confira as sedes de todos os CNMACs:

2024: Porto de Galinhas (PE)

2023: Bonito (MS)

2022: Campinas (SP)

2021: On-line* – co-organizado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

2019: Uberlândia (MG)

2018: Campinas (SP)

2017: São José dos Campos (SP)

2016: Gramado (RS)

2014: Natal (RN)

2012: Águas de Lindóia (SP)

2010: Águas de Lindóia (SP)

2009: Cuiabá (MT)

2008: Belém (PA)

2007: Florianópolis (SC)

2006: Campinas (SP)

2005: Santo Amaro (SP)

2004: Porto Alegre (RS)

2003: São José do Rio Preto (SP)

2002: Nova Friburgo (RJ)

2001: Belo Horizonte (MG)

2000: Santos (SP)

1999: Santos (SP)

1998: Caxambu (MG)

1997: Gramado (RS)

1996: Goiânia (GO)

1995: Curitiba (PR)

1994: Vitória (ES)

1993: Uberlândia (MG)

1992: São Carlos (SP)

1991: Nova Friburgo (RJ)

1990: Águas de Lindóia (SP)

1989: São José do Rio Preto (SP)

1988: Ouro Preto (MG)

1987: Gramado (RS)

1986: Brasília (DF)

1985: Florianópolis (SC)

1984: Campinas (SP)

1983: São José dos Campos (SP)

1982: João Pessoa (PB)

1981: Rio de Janeiro (RJ)

1980: Maringá (PR)

1979: São Carlos (SP)

1978: Belo Horizonte (MG)

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