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Edson Cataldo: o carioca que ‘deu jeito para tudo’ na SBMAC

Professor da UFF foi vice-presidente da SBMAC em 2018 e 2019 e colecionou outras funções em mais de duas décadas de empenho pelo bem da matemática brasileira 

Foto: SBMAC

Edson Cataldo é o típico ‘carioca da gema’ Nascido e criado no Rio de Janeiro, sempre foi obstinado a conseguir o que queria, mas sem se debruçar no ombro dos outros. O sujeito sempre foi mais esperto do que a maioria ao seu redor, e não leve por outro lado. É o caboclo inteligente, precoce de tudo, que se acostumou a dar um jeito para tudo.

Com quatro anos, já estava na escolinha. Com cinco, já estava alfabetizado. Com nove, estava no ‘Ginásio’ sendo o melhor da sala em quê? Em Matemática. Nem é absurdo assim falar que estava no destino que Edson faria algo relacionado às Ciências Exatas. Só que entrar na faculdade com 16, amigo? Só podia ser o ‘carioca da gema’.

Guarde essa referência: a mãe era professora. “Do que” não importa aqui, mas sim o livre exercício e o dom de ensinar as pessoas. Inconscientemente, Edson herdou tal talento e, por isso, veio a dar aula tão cedo. 

Ensino Superior

Antes disso, o carioca foi aprovado em Engenharia de Telecomunicações na Universidade Federal Fluminense (UFF), curso que completaria em 1988. Só que, durante a graduação, veio a experiência na lousa diante de dezenas de adolescentes. 

“Durante a minha graduação, eu comecei a gostar muito da aula de Cálculo. Então, fui monitor da disciplina na UFF. Quando terminei o curso, abriu um concurso para professor substituto. Eu tinha feito estágio na área de Engenharia, porém sempre quis dar aula, incentivado, talvez, pela minha mãe. Passei no concurso e, quando reparei, estava trabalhando em uma empresa de informática e dando aula na UFF de dia e era professor de informática numa faculdade particular à noite”, recorda Edson.

Em seguida, o carioca iniciou o Mestrado em Matemática na mesma UFF, em Niterói. No início da década de 1990, Edson foi o único candidato sem título aprovado em um concurso público para professor de Matemática Aplicada da instituição. Conquistou tudo isso com apenas 23 anos. 

Exerceu a função até 1995, quando foi convidado por Rubens Sampaio, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), para participar de um processo seletivo de Doutorado em Engenharia Mecânica. Foi sob influência de seu orientador que a história de Edson na SBMAC começava. 

Ligação com a SBMAC

Nos quatro anos de Doutorado na PUC-Rio, o carioca viu Sampaio ser vice-presidente da SBMAC em dois mandatos (do período de 1997 a 2001), isso sem contar a experiência de tesoureiro na gestão de Marco Antonio Raupp, de 1981 a 1983. 

“Foi neste período que eu tive contato pela primeira vez com a SBMAC. Sou sócio desde 1998 e fui um membro ativo por 20 anos. Mas naquela época, ela não era tão estruturada como hoje”, opina o matemático carioca, que até brinca com as técnicas arcaicas em comparação com a tecnologia de hoje.

“Lembro que apresentava minicursos no CNMAC com papel transparência. Demorava muito tempo para fazer, imprimia e levava a caixa de transparências, e apresentava no retroprojetor. Era muito rudimentar”, completa Edson.

Em 2001, o professor Rubens Sampaio assumiu a presidência da SBMAC, posto no qual permaneceria até 2005. No primeiro mandato, convidou o ex-aluno de Doutorado na PUC-Rio para ser tesoureiro de sua gestão. 

“Foi meu primeiro desafio na SBMAC. Você é o dono do cofre. É uma grande responsabilidade, porque você está mexendo com o dinheiro da sociedade. Você controla o dinheiro que entra, o dinheiro que sai, onde vai ser investido, há toda a parte de contabilidade que você tem que prestar contas para os conselheiros”, explica.

De 2007 a 2009, Edson trabalhou como secretário geral da gestão de José Alberto Cuminato, professor da USP São Carlos e membro honorário da SBMAC, assim como Rubens Sampaio. “A segunda vez que foi secretário eu já estava mais acostumado”, brinca o carioca. 

Edson também coleciona duas passagens pelo Conselho da SBMAC. A primeira veio ainda em seu início na entidade, de 2005 a 2007, junto de Rubens Sampaio. A segunda de 2016 a 2019, o que foi uma experiência importantíssima para conhecer o ‘outro lado da moeda’. 

“Foi o outro lado, né? No conselho, você tem que aprovar as contas, tem que aprovar as resoluções, então considero uma experiência muito interessante”, comprova ele, que também compôs o Corpo Editorial das Notas em Matemática Aplicada (NoMA) de 2013 a 2017.

Maior desafio

A experiência como conselheiro ocorreu simultaneamente ao convite do professor Carlile Lavor, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de ser vice-presidente da SBMAC no período compreendido de 2018 a 2019. 

Pelo período, Edson reconhece que organizar o Congresso Nacional de Matemática Aplicada e Computacional (CNMAC) de 2018, em Campinas, foi sua maior prova perante à comunidade matemática e científica.

“Me chamaram para ser coordenador geral do CNMAC 2018, que ocorreu na Unicamp. Foi o grande desafio de toda a minha trajetória na SBMAC, porque montar um congresso não é nada fácil. Você é responsável por tudo. Mas foi histórico, um dos melhores CNMACs que tivemos na SBMAC, uma estrutura belíssima que montamos na Unicamp, então valeu a pena. Foi meu grande momento”, lembra.

Hoje, Edson é professor titular do Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica e de Telecomunicações (PPGEET) da UFF, onde é referência nas áreas de Modelagem Matemática Estocástica da Produção da Voz Humana, Processamento de Sinais, Modelagem Estocástica de Incertezas, e Modelagem Estocástica do canal Rádio-Móvel. 

Orgulho do caminho trilhado na SBMAC

Ele se orgulha de ter contribuído para a expansão dos projetos da Sociedade para diversas regiões do país. Além da maior divulgação do conhecimento matemático, ele vê que a SBMAC carrega outros papéis fundamentais para a comunidade. 

“Durante todos esses anos, tivemos um esforço muito grande da diretoria e dos sócios para levar a SBMAC a diversos pontos do Brasil. Foram entrando pessoas de outras universidades até que se tornou uma dimensão nacional. Fizemos congressos no Sul, em Belém, no Mato Grosso e a expansão também foi para o exterior, porque essas pessoas têm contato com pesquisadores internacionais e acabam levando a SBMAC para fora”, começa o pesquisador, seguindo para destacar a função social da entidade.

“A SBMAC é muitas vezes o propósito de várias pessoas se encontrarem, porque são de diferentes regiões. Você tem contato com várias pessoas, com outras universidades do país, você acaba tendo a possibilidade de conhecer projetos de pessoas de outros locais. Isso sem falar que a SBMAC agrega áreas diferentes. Não é só olhar a Matemática como algo estritamente científico, mas você também pode estender isso para a área de Educação em Matemática, porque o somos tão deficitários nessa parte. O Brasil precisa disso. Então, esse papel social da SBMAC é muito interessante, porque é um agregador de pessoas”, complementa Edson.

Ao olhar para sua trajetória, o carioca da gema se orgulha dos seus ‘corres’. Mas Edson não se esquece de quanto a SBMAC foi fundamental para iluminar o seu caminho profissional e até como um guia para a sua vida pessoal. 

“Meu desenvolvimento pessoal e profissional teve muito a ver com a SBMAC. Sempre levava meus alunos para conhecer a SBMAC, para fazerem parte dela, apresentarem seus trabalhos. A SBMAC caminhou junto com minha trajetória. E é legal ver onde foi que cheguei. Tive uma infância muito humilde, e tudo que consegui foi por causa da educação. Nunca ganhei nada de graça, sempre tive que correr atrás de tudo na minha vida. E você conseguir vencer na vida gostando de Matemática, estudando Matemática, ensinando Matemática e fazer parte de uma Sociedade de Matemática que vou crescer é gratificante”, encerra Edson.

Confira o 28º episódio da série Memória SBMAC:

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